sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Aos paulistas.

Meu Coração,

Após o banquete de fast-food na Paulista ficamos lá esperando os ônibus passarem. Cada um para seu lado. O meu ônibus foi o último a chegar, não demorou muito não (mas durou uma eternidade).

A manga da camisa ficava cada vez mais molhada. Sua cor verde - agora umidecida - se tornara parda. E eu ainda tinha a esperança de revê-lo este ano. Mas se bem me conheço, meu anjo, a razão do choro não era essa.

O que realmente me afligia era a posse da certeza de não tê-lo mais em meus dias. Tenho sede, ansia pela sua companhia. Quero comprar pão com você, ir comer uma pizza na esquina, de apertar um e nunca mais te soltar.

No momento que seu ônibus apareceu, diante dos meus olhos, a distancia se impôs. Um vai; outro fica. Meu corpo estremeceu com um sentimento sem consolo. Ah! Quem dera eu pudesse anunciar nesta hora "a gente se vê amanhã". Acho que todos esses poucos dias me deixaram mal acostumada. Comecei a lembrar do cheirinho da sua cama, do seu travesseiro, da sua parede... Enquanto estive em sua casa sozinha tentei captar o máximo da sua presença lá.

O ônibus cruzava a Ipiranga e a Avenida São João e eu lembrava dos nossos devaneios, dos nossos sonhos caprichosos. Poderiamos morar juntos, dormir e acordar juntos. Eu pegaria o metro Consolação e você o Ana Rosa para trabalhar. Sem pressa. "Alguma coisa acontece no meu coração".

Minha respiração já afoita, o sobe e desce do meu peito. Tudo intercalando pensamentos, lembranças e emoções em um só fato: a manga da camisa cada vez menos verde. Todos ficaram, e eu voei para longe. Longe do meu coração, longe do meu riso frouxo, de você. Me resta a saudade... Se cuide por ai e me espere até a próxima garoa.

Mil Beijos,


C.


PS - O Lula era punk.