quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Like Knives

- Iremos contrariar nossos sentimentos? - foram as últimas palavras que Rodrigo falou. Alice não se moveu, nada disse. A pergunta ficou no ar (às vezes o silencio é a melhor resposta?). Rodrigo entendeu tudo (e absolutamente nada). Foi embora. Na cabeça de Alice explodiam sensações.

A suave pele de Rodrigo ainda tocava a sua em pensamento. A vontade ia contra a razão. Não era legitimo. Mas há legitimidade para os sentimentos? Lembrou-se das palavras dele mais cedo: "Esse não podemos - como você diz - me remete a uma barreira e não ao impossível". Era verdade, sabia disso, mas tinha consciência da realidade. Nada iria acontecer e a escolha já estava feita. Pura contradição... Era terno e cruel.

Nos braços dele com o vento no rosto pôde experimentar uma vivacidade nova. Não melhor que a que já vivia apenas nova. Coração batia forte, a respiração dela demonstrava tudo que sentia. Os dedos dele passeavam por seus cabelos embaraçados. Ela de repente sentiu o rosto quente de Rodrigo tocando o seu, mas... A boca doce dele nunca tocaria a dela. Aquele último cigarro que fumaram juntos foi o mais próximo que as bocas deles chegaram a se encontrar.

Alice também saiu, mas olhando para trás querendo reter a última imagem de Rodrigo por mais tempo que pudesse. Como se nunca mais o fosse ver. Assim eles se despediram.