Alice arrumava-se mais uma noite na esperança de encontrar Rodrigo. Devagar fumava um cigarro remetendo-se a noite cujo seu coração pertenceu a mais ninguém, senão Rodrigo. Na noite da despedida (in)sensata retornou para casa desejando que o esquecesse pela manhã. Muitas manhãs se seguiram e seu desejo transformou-se e era por isto que nesta noite sem lua vestiu-se com sua mais íntima vontade de sentir vivo mais uma vez este sentimento sem precedentes e malícia. Em frente ao espelho compreendia que esta noite seria sua chance derradeira de sentir o toque de Rodrigo, de abraça-lo, de ir contra a razão.
A porta se abriu e lá estava ele. A face de Rodrigo ao ver Alice brilhou, derramando sua luz sobre Alice que já não pesava mais que uma pena. Os olhares se encontraram e não mais mudaram de direção. "Ele ainda sente o mesmo" suspirava enquanto ia ao encontro de Rodrigo.
- Pensei que não a veria mais - Rodrigo tentava acreditar que Alice estava realmente em sua frente.
- Eu também. Desfruto, porém de algo que nunca experimentei. E não há nenhuma barreira que faça parar de crescer o que sinto agora - e Alice sabia que falava por Rodrigo também.
Cada palavra e sentença que disseram um ao outro era como a mais pura e bela poesia. Naquela sala só havia Alice para Rodrigo e Rodrigo para Alice. As mãos se enroscavam e Alice fechava seus olhos enquanto acariciava Rodrigo aproveitando cada centímetro daquela pele que cheirava tão bem e almejava porventura que aquela noite não tivesse fim. Sonhando acordada, então, abriu seus olhos quando aquela melodia, a música que Rodrigo dedicou a ela, invadiu a sala. Sem contestar, pensar uma, duas ou três vezes as bocas se encontraram e os lábios dançaram em sintonia. A lua, então, que não iluminava deixava-os a sós. Ocultos - sem juízes - seus corações e corpos encaixaram-se. Sorrindo Alice procurou ar em seu peito e sentiu-se completa. Só havia paixão, sem culpa, sem pudor, finalmente o Alice e Rodrigo tiveram um ao outro.
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
Uma Brisa

Estava sentado na frente da minha escrivaninha há 3 horas. Nada saia, eu só pensava nela. E também, para que pensar noutra cousa? Ela é emoção. Para o meu azar e também a minha sorte ao fundo rompendo o silêncio Oswaldo Montenegro sussurrava "metade de mim é amor... e a outro também". Resolvi sair. Fui até o cais. A maré enchia, meu peito seguia a oscilação. A brisa inofenciva passava recortando meus pensamentos. Foi em vão? Não, não foi. Até esta dor salgada vale a pena dentro desta imensidão azul e suave que invadiu meu corpo. É salgado. Às vezes quente, às vezes frio. Às vezes é calmaria, às vezes tempestade. Mesmo as piores tempestades e rebarbas fascinam... O que fazer? Nada. Somos o transbordamento da paixão.
Minha sede
Que coisas são essas que me dizes sem dizer, escondidas atrás do que realmente quer dizer?
Tenho me confundido na tentativa de te decifrar, todos os dias. Mas confuso, perdido, sozinho, minha única certeza é que de cada vez aumenta ainda mais minha necessidade de ti. Torna-se desesperada, urgente.
Eu já não sei o que faço. Não sinto nenhuma alegria além de ti. Como pude cair nesse fundo poço? Quando foi que me desequilibrei?
Não quero me afogar: Quero beber tua água. Não te negues, minha sede é clara.
Tenho me confundido na tentativa de te decifrar, todos os dias. Mas confuso, perdido, sozinho, minha única certeza é que de cada vez aumenta ainda mais minha necessidade de ti. Torna-se desesperada, urgente.
Eu já não sei o que faço. Não sinto nenhuma alegria além de ti. Como pude cair nesse fundo poço? Quando foi que me desequilibrei?
Não quero me afogar: Quero beber tua água. Não te negues, minha sede é clara.
quarta-feira, 21 de novembro de 2007
Like Knives
- Iremos contrariar nossos sentimentos? - foram as últimas palavras que Rodrigo falou. Alice não se moveu, nada disse. A pergunta ficou no ar (às vezes o silencio é a melhor resposta?). Rodrigo entendeu tudo (e absolutamente nada). Foi embora. Na cabeça de Alice explodiam sensações.
A suave pele de Rodrigo ainda tocava a sua em pensamento. A vontade ia contra a razão. Não era legitimo. Mas há legitimidade para os sentimentos? Lembrou-se das palavras dele mais cedo: "Esse não podemos - como você diz - me remete a uma barreira e não ao impossível". Era verdade, sabia disso, mas tinha consciência da realidade. Nada iria acontecer e a escolha já estava feita. Pura contradição... Era terno e cruel.
Nos braços dele com o vento no rosto pôde experimentar uma vivacidade nova. Não melhor que a que já vivia apenas nova. Coração batia forte, a respiração dela demonstrava tudo que sentia. Os dedos dele passeavam por seus cabelos embaraçados. Ela de repente sentiu o rosto quente de Rodrigo tocando o seu, mas... A boca doce dele nunca tocaria a dela. Aquele último cigarro que fumaram juntos foi o mais próximo que as bocas deles chegaram a se encontrar.
Alice também saiu, mas olhando para trás querendo reter a última imagem de Rodrigo por mais tempo que pudesse. Como se nunca mais o fosse ver. Assim eles se despediram.
A suave pele de Rodrigo ainda tocava a sua em pensamento. A vontade ia contra a razão. Não era legitimo. Mas há legitimidade para os sentimentos? Lembrou-se das palavras dele mais cedo: "Esse não podemos - como você diz - me remete a uma barreira e não ao impossível". Era verdade, sabia disso, mas tinha consciência da realidade. Nada iria acontecer e a escolha já estava feita. Pura contradição... Era terno e cruel.
Nos braços dele com o vento no rosto pôde experimentar uma vivacidade nova. Não melhor que a que já vivia apenas nova. Coração batia forte, a respiração dela demonstrava tudo que sentia. Os dedos dele passeavam por seus cabelos embaraçados. Ela de repente sentiu o rosto quente de Rodrigo tocando o seu, mas... A boca doce dele nunca tocaria a dela. Aquele último cigarro que fumaram juntos foi o mais próximo que as bocas deles chegaram a se encontrar.
Alice também saiu, mas olhando para trás querendo reter a última imagem de Rodrigo por mais tempo que pudesse. Como se nunca mais o fosse ver. Assim eles se despediram.
sexta-feira, 19 de outubro de 2007
Aos paulistas.
Meu Coração,
Após o banquete de fast-food na Paulista ficamos lá esperando os ônibus passarem. Cada um para seu lado. O meu ônibus foi o último a chegar, não demorou muito não (mas durou uma eternidade).
A manga da camisa ficava cada vez mais molhada. Sua cor verde - agora umidecida - se tornara parda. E eu ainda tinha a esperança de revê-lo este ano. Mas se bem me conheço, meu anjo, a razão do choro não era essa.
O que realmente me afligia era a posse da certeza de não tê-lo mais em meus dias. Tenho sede, ansia pela sua companhia. Quero comprar pão com você, ir comer uma pizza na esquina, de apertar um e nunca mais te soltar.
No momento que seu ônibus apareceu, diante dos meus olhos, a distancia se impôs. Um vai; outro fica. Meu corpo estremeceu com um sentimento sem consolo. Ah! Quem dera eu pudesse anunciar nesta hora "a gente se vê amanhã". Acho que todos esses poucos dias me deixaram mal acostumada. Comecei a lembrar do cheirinho da sua cama, do seu travesseiro, da sua parede... Enquanto estive em sua casa sozinha tentei captar o máximo da sua presença lá.
O ônibus cruzava a Ipiranga e a Avenida São João e eu lembrava dos nossos devaneios, dos nossos sonhos caprichosos. Poderiamos morar juntos, dormir e acordar juntos. Eu pegaria o metro Consolação e você o Ana Rosa para trabalhar. Sem pressa. "Alguma coisa acontece no meu coração".
Minha respiração já afoita, o sobe e desce do meu peito. Tudo intercalando pensamentos, lembranças e emoções em um só fato: a manga da camisa cada vez menos verde. Todos ficaram, e eu voei para longe. Longe do meu coração, longe do meu riso frouxo, de você. Me resta a saudade... Se cuide por ai e me espere até a próxima garoa.
Mil Beijos,
C.
PS - O Lula era punk.
Após o banquete de fast-food na Paulista ficamos lá esperando os ônibus passarem. Cada um para seu lado. O meu ônibus foi o último a chegar, não demorou muito não (mas durou uma eternidade).
A manga da camisa ficava cada vez mais molhada. Sua cor verde - agora umidecida - se tornara parda. E eu ainda tinha a esperança de revê-lo este ano. Mas se bem me conheço, meu anjo, a razão do choro não era essa.
O que realmente me afligia era a posse da certeza de não tê-lo mais em meus dias. Tenho sede, ansia pela sua companhia. Quero comprar pão com você, ir comer uma pizza na esquina, de apertar um e nunca mais te soltar.
No momento que seu ônibus apareceu, diante dos meus olhos, a distancia se impôs. Um vai; outro fica. Meu corpo estremeceu com um sentimento sem consolo. Ah! Quem dera eu pudesse anunciar nesta hora "a gente se vê amanhã". Acho que todos esses poucos dias me deixaram mal acostumada. Comecei a lembrar do cheirinho da sua cama, do seu travesseiro, da sua parede... Enquanto estive em sua casa sozinha tentei captar o máximo da sua presença lá.
O ônibus cruzava a Ipiranga e a Avenida São João e eu lembrava dos nossos devaneios, dos nossos sonhos caprichosos. Poderiamos morar juntos, dormir e acordar juntos. Eu pegaria o metro Consolação e você o Ana Rosa para trabalhar. Sem pressa. "Alguma coisa acontece no meu coração".
Minha respiração já afoita, o sobe e desce do meu peito. Tudo intercalando pensamentos, lembranças e emoções em um só fato: a manga da camisa cada vez menos verde. Todos ficaram, e eu voei para longe. Longe do meu coração, longe do meu riso frouxo, de você. Me resta a saudade... Se cuide por ai e me espere até a próxima garoa.
Mil Beijos,
C.
PS - O Lula era punk.
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